NA CONTRAMÃO DA ECONOMIA, COOPERATIVISMO DE SC SE EXPANDE

02 de Agosto de 2019

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Apesar das dificuldades econômicas que o país enfrenta há pelo menos quatro anos, o segmento cooperativista catarinense tem motivos para comemorar. Desde que o país entrou em recessão, em 2015, o setor apresenta expansão, com índices expressivos.


Em 2015, por exemplo, enquanto a economia brasileira recuou 3,5%, o crescimento nas receitas totais das cooperativas de Santa Catarina foi de 14,49%. No ano seguinte, nova recessão, com queda de 3,3% do PIB brasileiro. Apesar disso, as cooperativas cresceram 16,15%.


No ano passado, nem mesmo a paralisação dos caminhoneiros impediu uma nova expansão nas receitas, em 7,22%. Para a Organização das Cooperativas do Estado de Santa Catarina (Ocesc), o resultado seria bem melhor, não fosse a greve que parou as rodovias do país por duas semanas.


Para o presidente da Ocesc, Luiz Vicente Suzin, a profissionalização dos dirigentes e dos colaboradores das cooperativas é um dos motivos que explica o crescimento do setor, apesar das dificuldades. A diversificação dos produtos oferecidos pelas cooperativas também justifica esse desempenho.


“O resultado não foi o esperado, em função de muitos fatores, principalmente no agronegócio, com a greve dos caminhoneiros, por exemplo. Mas temos um trabalho forte, junto aos nossos associados, com os jovens e as mulheres, que fez a diferença. É um trabalho que dá a credibilidade ao sistema cooperativista”, explicou o dirigente.


Os investimentos em educação também são apontados por Suzin como um dos motivos para o crescimento do cooperativismo. Em Santa Catarina, o Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop/SC) desenvolve vários programas voltados à formação profissional, promoção social, capacitação dos associados e dos colaboradores das cooperativas.


Para o presidente, os bons resultados do cooperativismo de crédito, por exemplo, são atribuídos aos programas desenvolvidos pelo Sescoop. Um deles é o Cooperjovem, que atende crianças de 8 a 12 anos. “Atualmente, o maior número de associados às cooperativas de crédito tem menos de 30 anos de idade”, comentou.


O dirigente realça o crescimento do quadro social no segmento de jovens em todo o setor. O número de pessoas até 25 anos que se associaram às cooperativas teve um crescimento de 12% no ano passado, chegando a 391.384. Hoje, 16% do total geral de associados pertencem a essa faixa etária.


Força que vem do campo
O agronegócio segue como destaque: responde por 62% das receitas do cooperativismo estadual. No ano passado, registrou crescimento de 9,23%, apesar do impacto negativo da greve dos caminhoneiros na produção das agroindústrias.


O terceiro maior conglomerado industrial no setor de carnes no Brasil, a Aurora Alimentos, é uma cooperativa central, com sede em Chapecó, à qual estão ligadas 11 cooperativas agrícolas. São mais de 100 mil famílias envolvidas, entre cooperados e colaboradores. Em 2017, a Aurora figurou como a quinta maior empresa de Santa Catarina e a 18ª do país.


Para 2019, as perspectivas, segundo a Ocesc, são positivas. A boa safra agrícola e o crescimento das exportações devem impactar positivamente nas receitas do segmento, apesar das incertezas que pairam sobre a economia brasileira. A entidade trabalha com um crescimento das receitas acima de 10% no comparativo com 2018.


“Santa Catarina tornou-se paradigma nacional de eficiência e de cooperativismo. É a unidade da Federação brasileira com maior taxa de adesão ao cooperativismo. A vocação para a inovação e o empreendedorismo são as qualidades mais proeminentes do cooperativismo catarinense, ao lado da observância dos princípios universais do cooperativismo. As cooperativas foram pioneiras no desbravamento das regiões, na instalação de centros de produção e na transferência de tecnologia”, afirma Suzin.